FAZENDA SANTA TEREZA

terça-feira, 23 de outubro de 2012

CONVITE A UM AMIGO PARA VISITAR A SANTA TEREZA



    

          

           



             A entrada da Fazenda Santa Tereza lhe reserva muitas surpresas, todas elas tendentes a deixar o seu dia agradável, eu acho!
                        Depois de atravessar a porteira da entrada, inicia-se uma alameda que é uma descida com pouca ou quase nenhuma inclinação do terreno; nos seus dois lados estão dispostos arranjos de flores estrategicamente localizados que lhe obrigarão a diminuir o ritmo dos passos para poder admirá-los; espero que você venha com tempo!
                        Pouco antes de chegar ao pequeno pontilhão que lhe permitirá atravessar o “rego d ‘água” que circula por quase todo o jardim, tenho certeza que você ficará tentado, ao olhar para a esquerda, a ir visitar o lago que está localizado atrás da plantação de bambus; resista à tentação e continue sua caminhada; antes de se despedir da Santa Tereza, você irá visitá-lo em minha companhia, portanto, continue...
                        Tenho observado que algumas pessoas, principalmente os jovens, não “conseguem” ver tudo o que estou lhes “mostrando” por intermédio deste texto, por isto fico tentado a repetir George Sand: “Aos vinte anos, perde-se tanto tempo e se desperdiça tanto a vida! Os nossos dias de inverno valem o dobro; ai está a nossa compensação”.
                        Não tenha pressa neste caminhar, converse com a natureza, ilumine sua visão com as flores que estão plantadas em vasos, tanto à direita como à esquerda, elas, as flores, foram colocadas ai justamente para alegrar o seu dia; alguns destes vasos são de grande porte, outros menores, aqueles colocados em cima de palanques construídos com tijolos e estes outros em cima de tocos que sobraram de alguns angicos que já cumpriram seu ciclo biológico e foram derrubados e utilizados na reforma de alguma cerca divisória de pasto.
                        O nosso funcionário Baiano ajudou-me no serviço de alvenaria e na pintura dos tocos (todos “vestidos” com calças azuis, camisas brancas e suspensórios vermelhos) e o Décio a escolher as flores a serem plantadas nos vasos colocados na “cabeça” de cada um deles; ficaram bonitos!
                        Antes de atravessar a pequena ponte, dê mais uma olhada para trás e à direita; se ainda não viu, não custa nada observar um grande e comprido canteiro de antúrios multicoloridos, protegido por uma mureta de pedras que ajudei a construir já há alguns anos; logo em seguida, à esquerda, você verá a casa do Décio, admire a sua grande varanda, observe os muitos vasos de flores e orquídeas dependurados; se você quiser visitá-los, atravessará o jardim de rosas que eles fizeram em frente da casa; algumas vezes faço isto, imite-me e apanhe uma rosa e leve para Da. Maria.
                        Não vai visitá-los agora? Não faz mal, volte depois, Da. Maria normalmente estará sentada em uma confortável cadeira colocada em local que lhe permite aproveitar o sol da manhã que acalenta suas pernas e “vigiar” o trabalho do jardineiro, seu marido; ela lhe contará muitas histórias a respeito da vida dos pássaros e das flores da Santa Tereza.
            Se você continuar a caminhada, passará por uma alameda de eucaliptos beirando o seu lado direito, alguns deles com mais de 30 anos de vida, em todos eles você verá, aos seus pés, vasos de flores; do lado esquerdo a paisagem é mais bonita (será possível ser mais bonita?), uma cerca viva de “trepadeiras” de vários matizes de cores espreitam agressivamente (agressivamente?) o olhar do visitante.
            Sei que você ficará curioso por saber que casa é aquela de cor amarela que se localiza no meio do jardim, logo depois da cerca viva de trepadeiras; gostaria que ela fosse conhecida como a “casa amarela dos livros”, porém ficou com o apelido de “anexo”, numa alusão à continuação da minha biblioteca que se localiza no interior da nossa casa, cujo espaço ficou exíguo para depositar os livros que me acompanham por tanto tempo...
            De onde você esta, não há como não ser atraído pelo orquidário (localizado no lado direito, quase que no final do caminho que você está percorrendo); sei que você será tentado a adentrar o seu recinto; não fique decepcionado com o seu tamanho (pequeno), porém a quantidade de orquídeas que você verá, apagará esta sua impressão.
            Ao vê-las, algumas em plena floração, você sentirá, mais uma vez, a presença do Grande Arquiteto do Universo e será tentado a repetir o que Alfred de Musset disse há muitos anos:
            Mas quem sabe, como Deus trabalha?
            Quem sabe se a onda que estremece,
            Se o grito dos abismos terríveis
            Se os raios e os trovões,
            Senhor, não são necessários,
            Para a pérola que os mares fazem?