FAZENDA SANTA TEREZA

segunda-feira, 12 de março de 2012

DESMAMA DE BEZERROS SEM ESTRESSE.

Como fazemos na Fazenda Santa Tereza


Quem possui fazenda de criar sabe que um dos problemas que incomoda na lida do dia/dia é a desmama dos bezerros; quase todas as maneiras que me ensinaram foram tentadas; colocar as vacas em pastos bem distantes dos bezerros que foram desmamados é uma das opções mais utilizadas, porém, como todos os que já fizeram isto sabem, não adianta, pois as vacas, ao ouvirem o berro do bezerro, vêm ao seu encontro de qualquer distância onde se encontrem e, nesta caminhada, vão arrebentando cercas, se machucando e dando trabalho aos peões para se consertar os estragos.

Utilizamos aqui na Santa Tereza um artifício que consideramos muito interessante e com muito bons resultados; descrevo-o para os interessados:

Primeiramente é necessário dizer que adotamos o sistema de “estação de monta” e as vacas que estão prenhas (toque) são separadas do restante do rebanho e colocadas em pasto separado; uma vez por semana, sempre nas segundas feiras para minha comodidade, estas vacas são trazidas para o curral, quando observamos aquelas que estão com o ubre aumentado de volume, portanto perto da parição, e as colocamos em outro pasto (pasto-maternidade).

Quando chegar a hora da desmama, normalmente todas as vacas que estão no pasto-maternidade já devem ter parido, portanto os bezerros a ser desmamados são, obrigatoriamente, filhos destas vacas; após se decidir quais serão desmamados (normalmente com sete meses de idade, embora muitos prefiram fazê-lo com seis meses, preferimos postergar um pouco mais, tendo em vista que estes nossos bezerros serão, no futuro, destinados ao abate e ao aproveitarem um pouco mais o leite da mãe serão, seguramente mais robustos), passamos à etapa seguinte.

A seleção dos bezerros a serem desmamados se dará, como vimos, pelo grupo etário dos mesmos, este trabalho é facilitado pelo fato de que ao nascerem, todos os bezerros são carimbados “a fogo” com o número do mês do nascimento, assim como do ano. Este último dado irá facilitar no futuro, o manejo das futuras vacas e garrotes (em outra oportunidade descreveremos esta utilidade).

Os bezerros serão desmamados por etapas ou lotes (as vacas, por terem sido enxertadas “a campo”, obviamente darão crias em meses diferentes); após separar os bezerros (lote) que serão desmamados, estes ficam presos no curral e as vacas (todas as que estão no pasto-maternidade) serão colocadas em um pasto localizado nas suas proximidades, de onde os bezerros podem ser avistados pelas mães e se for o caso, podem chegar até bem próximas dos mesmos, sem, contudo poderem amamentá-los, pela interposição da cerca e do curral.

No primeiro dia as vacas-mães, praticamente não arredam pé das imediações dos bezerros, só afastando para beberem água e eventualmente pastarem por algumas horas, inclusive dormem naquelas imediações; a partir do segundo dia esta vigília torna-se cada vez menor, embora os bezerros continuem berrando, elas se afastam por mais tempo da beira do curral e progressivamente, entre o 3º e 5º dia, praticamente elas não voltam mais para perto, até que no 7º. dia os abandonam por completo.

No primeiro dia os bezerros tem acesso, exclusivamente a água, mesmo porque, com a sua ansiedade, não desejam comer nada que não fosse o leite da mãe, a partir do segundo dia iniciamos a sua alimentação com capim “napier” triturado, misturado com farelo de trigo. Entre o 7º. e 10º. dia os bezerros são enviados para um pasto separado, longe de onde estão as suas mães. Cerca de 20 a 30 dias após, colocamos na sua perna esquerda, a marca da fazenda e aplicamos um vermífugo. Preferimos fazer com esta distância de tempo para não aumentar o estresse (desmama e marcação).

Acreditamos que esta técnica permite uma desmama com menos estresse, tanto para a vaca como e, principalmente para os bezerros.

Antes de encerrar gostaria de dizer que esta técnica não foi inventada por mim, foram muitas discussões e, principalmente trocas de opiniões com muitos amigos fazendeiros através dos anos. Eu, se tiver algum mérito, apenas aprimorei algum detalhe e a divulgo, com a expectativa de poder ser útil a algum companheiro.

As figuras 1, 2, 3 e 4 falam por si, vemos inicialmente (fotos 1,2) as vacas no pasto-maternidade e um lote de bezerros que foram desmamados presos no curral, e as fotos 3 e 4, mostram as vacas se aproximando dos bezerros, pois a porteira do pasto-maternidade está aberta, permitindo esta circulação pelo corredor, porém, continuam separadas pelo curral. Como detalhe gostaria de dizer que na primeira noite da desmama, quase todas as vacas (mães) dormem neste corredor, nas imediações dos bezerros.






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